06 março 2012

Esqueça quem já esqueceu

Quanto mais esperávamos o tempo se afastar, mais víamos os olhares a nós direcionados, em nós alarmados, para nós sufocados. Ouvíamos vozes querendo explicar sobre coisas que nem as vozes, nem os donos das vozes tinham domínio completo. Vozes vazias, olhares fundos. Noites e dias perdidos, vazios agudos, um pouco de tudo onde nada havia. Nós sempre querendo mais e mais força fazíamos para burlar isso que nos impedia de nos levar onde não sabíamos. Apenas íamos. Alguma coisa agora tinha de fazer sentido, embora nada tivesse sido sentido antes.

Integrações ocultas.

O inacabado, o sem razão, o mistério. O sangrar dos olhos que permitem há tempos o falar dos lábios presos ao não saber o que pensar. Talvez estivemos o tempo todo errados, e a perfeição imperfeita se consistia em não sonhar. Ainda iremos esperar muito até o patamar mais alto, o ápice enfim. Teremos trabalho e, até lá, poderemos ver pessoas como nós, em nós. O nosso ir é incerto, mas não parado. Indo levando. Fora daqui apenas, onde você veio para doer. Nós doemos.
Situa-se em outros lares. Sua presença tão aclamada não é aqui. Leva-me contigo. Seus dizeres em mim criam paredes. Emparedada; tão diferente de quando livre. E esquece. Eu sou o rio agora, de passagem.

3 comentários:

  1. Abrir mão não é abandonar as memórias e sentimentos, é entender que algo se completou, e que podemos ter algo bem maior.

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  2. Difícil ler um texto tão "cheio de razão", digamos assim, no estado que eu me encontro. Inacabado, é isso que fica. Embora dizemos adeus, ainda fica uma parte dentro de nós que vive conforme aquele último acontecimento, só o tempo. E realmente, como no comentário acima, temos que nos confortar e conformar, que fica sim, as lembranças não tem como apagá-las, mas temos que abrir mão de qualquer sentimento que seja como quatro paredes, sem janelas e nenhuma porta, não dá pra ficarmos sufocadas.

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  3. Nos sufocarmos é, por ora, incontrolável.

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