29 maio 2011

Saudade

Eu sinto saudade e a transformo em palavras. Para mim, excepcionalmente para mim, saudade é linda. É o que resta de certeza do perfeito. São marcas que a mente foi capaz de persuadir a razão, trazendo para a realidade o que não existe mais.
Mas, para ser realmente linda, é preciso segurança. Convencer-se de que seu lugar é no passado e nada mais que isso. Sorrir ao relembrar, enquanto uma lágrima percorre as curvas do seu rosto.
Veja fotos, caso isso lhe ajude. Pode doer, mas será uma dor gostosa. Agradável. Vai, no fundo, florescer uma vontade de viver aquilo novamente. Terá vontade de fazer uma ligação e ouvir o silêncio do outro lado. E te encontrar no som do silêncio.
A saudade é linda, mas só é linda quando não tem aparência de saudade.

25 maio 2011

Os pedidos são poucos, mas reais.
De muitas coisas precisei abrir mão, embora meu desejo fosse divergente.
Isso é vida: manifestar ameaças, antes que elas manifestem você.
Talvez o foco agora seja o olhar. Valorizá-lo e mantê-lo forte cada vez que direcionado ao meu; cada vez que obter-se um indício de brilho. Ele diz.
E eis o segredo: um dos meus pedidos é tê-lo sempre comigo. Esses olhos que tanto expressam na ausência das palavras. Quando mesmo distante, aproxima. Mesmo inocente, não engana.

18 maio 2011

Estas palavras são você

Às vezes, num descuido qualquer, parto daqui para uma dimensão que talvez seja a mesma que a sua. Um lugar onde nossas mentes, ainda interligadas, trocam mensagens em busca de algo que as fazem bem.
O brilho dos seus olhos - ora fosco, ora brilhante demais - me leva ao seu mundo, ao seu você. Conheço-te, invado-te.
Seu sorriso - meio forçado, meio tímido - entrega o desejo das palavras secas almejando suas liberdades.
A ausência de diálogo é recompensada pelo jogo de olhar. Seus olhos foram esquecidos em mim.
Não me devolva. Deixe-me contigo e estará comigo. Talvez não perceba, mas estas palavras são você.

10 maio 2011

Perdas

Provavelmente você não tem o entendimento.
Não conhece a dor da perda.
Quando uma pessoa de presença frequente na sua rotina é rudemente retirada da mesma, ainda deixando retalhos e resquícios de sentimentos não esquecidos. Quando a pessoa é, no mínimo, imprescindível na sua vida.
Dói - e como - procurar e não encontrar mais.
Porém, é uma dor diferente... machuca, e também corrói. Destrói.
Só que internamente.
Por isso não é compreendida.
É uma dor interrompida. E nunca esquecida.

Mas ainda restam esperanças de que um dia a rotina seja novamente preenchida. Apesar das novas pessoas, há um espaço onde ninguém é capaz de ocupar. Esse lugar é seu. Pode visitar quando quiser. Porque eu sei que você está aqui, sempre esteve e, por mim, sempre estará.

05 maio 2011

Imediatista

Algumas vezes, me perco na abundância das minhas próprias palavras; nas outras, me busco tento encontrá-las por suas ausências. Dói, eu sei, sempre doeu. Mas somente agora a dor resolveu transparecer por completo. Eu sempre ouvi dizer que tudo passa e dessa vez não será diferente. Permanecerei racional. É estranho, sei também, mas mesmo sem saber explicar o que queremos, queremos.