30 setembro 2011

Queria dizer

Tenho tanto a dizer, mas há tão pouco tempo.
Não o tempo em seu sentido mais denotativo, mas o tempo em possibilidades.
É tão difícil assimilar ideias e colocá-las em prática quando você está perto,
que pareço ser alguém cujo conhecimento ainda é leigo e fraco demais para ser exposto.
Tenho tanto a dizer, coisas que você não acreditará se eu contar abertamente,
sem te preparar psicologicamente para receber minhas palavras.
São coisas acumuladas que ficaram para trás nas conversas de antigamente,
que hoje você nem lembraria que eu havia dito.
Mas agora talvez seja a hora de fazer você saber,
de colocar isso pra fora. Você vai entender?
O tempo está passando e quanto mais eu planejo, mais vejo essa realidade imaginada longe de mim.
Sei que quando te ver as palavras simplesmente sumirão e ficarei pensando o que é que vejo em ti.
Se estarei ficando maluca, ou criando você de outra forma em mim, ou exagerando.
Mas você está na defensiva e somente aos poucos se solta, mas não totalmente;
quando estou certa de que poderei me soltar e cair em você, aí encontro uma barreira.
Muro, talvez. Algo que nos impede de chegar.
Mas eu só preciso dizer que.

15 setembro 2011

Eu espero por essa espera como quem espera o inesperado.

E esse esperar que me faz ter medo de não obter resposta,
não me priva de falar com você.

Que é falando com você,
que eu falo comigo mesma. Arrastando palavras suas nas minhas certezas.

Porque a vontade é um estado temporal.
Quando se vê, passou. Não falou. Olhou. Sobrou.
E respira. As mágoas da tristeza que plantei no seu lugar.

Sem drama, nem história. A verdade traz a vitória.
E esta verdade é dita agora, no vento, deixo solta.
Ela solta de mim. E cola em você.

É difícil dizer fazendo entender, enfim.

Farei da dor, o desejo. Sublime ao medo, sendo forte por querer o almejo.
E despejo, em você, o seu você que há em mim.
(Ser forte é questão de sorte)



Em suma, sempre passa

por nós,
caindo
novamente
em nós.

07 setembro 2011

Die

No dia do fim, quando as sepulturas estiverem fincadas,
as lápides serão palcos onde poderá exprimir o que,
em vida, não te foi capaz.
Dirá para mim como se eu pudesse ouvir.
E eu poderei.
O quanto se importou e, por achar desnecessário,
privou-se de dizer. Mas será tão pouco.
Palavras e lágrimas em harmonia alimentarão a saudade
que nunca mais será saciada. Baterá o arrependimento
e o pesar da consciência.
Saberei, embora tarde, seus sinceros sentimentos
e servirão então como calmaria para a minha alma.
Descansarei observando sua tristeza e, impossibilitada,
pedirei para que nada te tire da minha "vida".
Terei vontade de te dizer mutuamente, mas não poderei.
Manterei sua imagem rente a minha como quem nunca
havia desejado o término.
Meu breve tempo de ócio, será dedicado a ti. Tentarei lhe mostrar
que não há ninguém que se importe tanto,
como eu.
Ficará sob sua responsabilidade o desfecho das vidas
que criamos e vivemos para nós.
Substituí-la? Matá-la? Você é quem decide.
Porque se o dito ao vento para a mim chegar for real,
as lágrimas também serão.
E vai doer em ti. Doer como quem, acidentalmente, queima-se
e não consegue livrar-se do incêndio.
A dor persistirá e, diferentemente do fogo, o ardor da queimação
prevalecerá sem cura. Esse é o preço da morte
para quem tem muito a viver ainda.

03 setembro 2011

Espera plausível

Eu já prometi apagar de mim qualquer vestígio que me lembrasse você. Prometi não te escrever mais.
Em vão.
Todas essas promessas tornam-se inválidas quando sou tomada pelas lembranças e saudades. O desejo de um novo amanhã é claramente descartável ao constar sua rotina desagradável e sem sucesso. E o mesmo amanhã é substituído por um dia futuro. Eu moldo meu passado colocando-o no meu presente, transferindo memórias póstumas para um coração agora crescido.
Embora o tempo tenha corrido incrivelmente rápido e propiciando meus erros, não devo culpá-lo. Assombra-me olhar nossos obstáculos superados sendo esquecidos e jogados ao vento, quando poderíamos contemplar nossas vitórias. O que nos impede, em suma, é a inveja - ou qualquer pavor - alheio que nos cerca, praticamente coagindo-nos às limitações. Eu não queria isso.
Queria provar que é intensamente grande e suportavelmente capaz de aguardar até não sei quando. Que esse muro barrando nossas vontades está prestes a cair, transformando-no na estrada para o futuro.
Me sinto feito uma escrava que, involuntariamente, vive em função de notícias suas; necessitada da presença. É com profunda tristeza que observo cada dia distante de nós.
Então em você encontro esse mesmo ardor, esse sentimento. Mas, por ser superficial, nada se aprofunda e busco analisar os detalhes que nem você mesmo vê, para, quem sabe, colher os frutos motivacionais de uma plantação dedicada. Como se em mim houvesse a mais doída das feridas e a maior parcela de amor. É tudo malignidade ao olhar vazio das pessoas.
Todo o tempo que tínhamos para errar, usamos. Agora estamos sábios e aptos a cultivar o nós. Porque é agora. O mistério está no fim, o segredo. Por se tratarem de sentimentos, me vejo incapaz de prová-los. O ápice se resume em palavras quase sempre sem formulações, mas com extenso significado. Isso faz parte.
Nosso êxito será invejado e provocaremos a quem mais nos provocou. Mas, enquanto o pódio encontra-se distante do meu pé, aceito a situação fatigante criar monstros em mim, consumindo o que restou das forças. Aceito por te conhecer e conhecer as suas intenções, que nos reserva um desfecho bastante notório.
No entanto, para saciar minhas ambições por cá, contento-me numa espécie de autopersuasão esperançosa. Essa espera plausível.