07 setembro 2011

Die

No dia do fim, quando as sepulturas estiverem fincadas,
as lápides serão palcos onde poderá exprimir o que,
em vida, não te foi capaz.
Dirá para mim como se eu pudesse ouvir.
E eu poderei.
O quanto se importou e, por achar desnecessário,
privou-se de dizer. Mas será tão pouco.
Palavras e lágrimas em harmonia alimentarão a saudade
que nunca mais será saciada. Baterá o arrependimento
e o pesar da consciência.
Saberei, embora tarde, seus sinceros sentimentos
e servirão então como calmaria para a minha alma.
Descansarei observando sua tristeza e, impossibilitada,
pedirei para que nada te tire da minha "vida".
Terei vontade de te dizer mutuamente, mas não poderei.
Manterei sua imagem rente a minha como quem nunca
havia desejado o término.
Meu breve tempo de ócio, será dedicado a ti. Tentarei lhe mostrar
que não há ninguém que se importe tanto,
como eu.
Ficará sob sua responsabilidade o desfecho das vidas
que criamos e vivemos para nós.
Substituí-la? Matá-la? Você é quem decide.
Porque se o dito ao vento para a mim chegar for real,
as lágrimas também serão.
E vai doer em ti. Doer como quem, acidentalmente, queima-se
e não consegue livrar-se do incêndio.
A dor persistirá e, diferentemente do fogo, o ardor da queimação
prevalecerá sem cura. Esse é o preço da morte
para quem tem muito a viver ainda.

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