30 novembro 2011

Cadência

Como se eu tivesse a leveza de um som acalmente e mente utópica de quem acredita, aproveitaria a passagem e, feito estrangeira, viajaria nos arredores que esta estrela cadente futuramente passará. Não me estabeleceria em local nenhum, pois estaria de passagem; apenas apreciaria as belezas de cada um. Conheceria o superficial e, sem me aprofundar nas coisas, partiria sem sentir remorso ou perturbação. A viagem me privaria de sentimentos, transformando-me em corpo só alma, em alma sem previsão. Eu veria-te e de nada importaria, a não ser observar vagas pessoas que, como você, estão em atividade carnal nesse plano terrestre. Eu não sentiria.
Meu egocentrismo seria racional e não haveria sofrimento por isso. Não sentindo, eu não sentiria também a dor.
Eu estaria no universo, espaço onde o todo fizesse parte do meu domínio, mas isso de nada teria importância. Estaria, então, sozinha. Analisando os outros e analisando você. Sem saber que você, é o você que agora me fez sair desse lugar.
(...) Gostaria de estar lá. Talvez a solidão, de fato, verídica traria conhecimentos avançados sobre essa realidade que vejo. Lá eu não ligaria para as suas indiferenças, porque isso tudo seria uma grande bola de nada. Eu não esperaria desesperadamente por um sinal, pois eu me desconectada estaria. A partida seria suave e o adeus, mesmo sem dar-me conta que era o último, não seria pura dor. A despedida seria contente ou, no mínimo, despercebida.
No mais, eu não seria eu; e você não seria você.

16 novembro 2011

Dezesseis

Quando alguém lhe presentear com uma rosa, não negue-a por razão dos espinhos. A rejeição te fará segurá-la com rancor, podendo até ferir-te. Apenas aceite e plante-a em algum espaço dentro de você. Depois de um tempo, verá que seu crescimento é múltiplo e muitas delas brotarão; logo, esses espinhos não terão lacunas para ocupar seu incômodo. Seu jardim estará repleto e incrível demais para qualquer fragmento que antes o atrapalhava...
No fim desta colheita, portanto, não esqueça de dedicar ao menos uma rosa à este alguém, afinal, foi ele quem lhe ofertou a primeira muda. [...]

03 novembro 2011

Sobre o caminho que não devo ir

Nesses passos inibidos que me levam à direção contrária, onde os olhares sinceros que existem se personificam de inveja e descaso, o que tento é sobrepujar as desavenças impostas por quem não merece vitórias. Exceder a barreira monumental pode ser mais complicado do que a imaginação se deixa fluir. É o muro que separa o realista da alma que vagueia sem rumo pelo idealismo.
Sejamos apáticos! O nefelibata é quem vive de modo discrepante, e por essa razão, vive. A vida vai além de dramas aparentes e atenções desnecessárias.
Ainda temos de viver como se não fosse dor a dor que sentimos. Não lidaremos com a chuva, se nos privarmos dela toda vez que aparecer.
Uma mente evoluída é discernente em relação às outras; destaca-se. Torno a sentir a cobiça emocional, a rivalidade desmotivada, a destruição interna em si presente por aqui. O que as pessoas enxergam vagarosamente é apenas o prêmio, desvalorizando o caminho doloroso e repleto de vidros pelo chão. O topo pertence a quem faz jus ao seu significado.
Permaneceremos em nossos devidos lugares, não ultrapassando a margem que nos pertence, assim teremos o que de fato nos é interessante.
Sejamos nós inocentes e abertos, mas tenhamos conhecimento; o ceticismo nos diferencia do alheio.
Seremos.
E seremos preponderantes que, para nós, não precisará de mais nada.