30 novembro 2011

Cadência

Como se eu tivesse a leveza de um som acalmente e mente utópica de quem acredita, aproveitaria a passagem e, feito estrangeira, viajaria nos arredores que esta estrela cadente futuramente passará. Não me estabeleceria em local nenhum, pois estaria de passagem; apenas apreciaria as belezas de cada um. Conheceria o superficial e, sem me aprofundar nas coisas, partiria sem sentir remorso ou perturbação. A viagem me privaria de sentimentos, transformando-me em corpo só alma, em alma sem previsão. Eu veria-te e de nada importaria, a não ser observar vagas pessoas que, como você, estão em atividade carnal nesse plano terrestre. Eu não sentiria.
Meu egocentrismo seria racional e não haveria sofrimento por isso. Não sentindo, eu não sentiria também a dor.
Eu estaria no universo, espaço onde o todo fizesse parte do meu domínio, mas isso de nada teria importância. Estaria, então, sozinha. Analisando os outros e analisando você. Sem saber que você, é o você que agora me fez sair desse lugar.
(...) Gostaria de estar lá. Talvez a solidão, de fato, verídica traria conhecimentos avançados sobre essa realidade que vejo. Lá eu não ligaria para as suas indiferenças, porque isso tudo seria uma grande bola de nada. Eu não esperaria desesperadamente por um sinal, pois eu me desconectada estaria. A partida seria suave e o adeus, mesmo sem dar-me conta que era o último, não seria pura dor. A despedida seria contente ou, no mínimo, despercebida.
No mais, eu não seria eu; e você não seria você.

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